As redes sociais e sua voz mercadológica.

Fernanda Prestefelippe
4 min readJun 11, 2020

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Não é de hoje que ouvimos falar sobre o poder da internet, e consequentemente das redes sociais, como valiosa fonte de pesquisa comportamental. A netnografia, ramo da etnografia que analisa justamente esses comportamentos de indivíduos e grupos no ambiente online, surgiu em 1995 com Robert Kozinets.

No entanto, mesmo sendo uma metodologia qualitativa bastante difundida — e supostamente adotada — confesso que tenho visto por aí desks researchs fantasiados de pesquisa netnográfica e um oceano de oportunidades para serem exploradas.

Fui mordida pelo bichinho do comportamento do consumidor muito cedo, mas por anos no mercado de comunicação, marketing e estratégia observei os times escolherem entre o aprofundamento da pesquisa e o cumprimento do prazo (curto, como sempre).

Em 2018, trabalhando em uma consultoria de design estratégico, o foco nas pessoas se tornou ~obsessão~. Tudo que se faz, e tudo que se recomenda, parte do ponto de vista de quem usa. Parece óbvio, mas não é. Acredite. Talvez você não faça ideia de quantas pessoas trabalham com grandes marcas e projetos de inovação e ainda não conseguem sair de suas cadeiras. A empatia, tão falada em metodologias como o design thinking, nada tem a ver com a possibilidade de você ser uma pessoa legal e por isso se colocar no lugar do outro. A empatia é uma forma de você entender, da forma mais sensível e profissional possível, como aquela pessoa, ou aquele grupo, se comporta.

Um pulo para 2020, mais uma temporada trabalhando freneticamente com comunicação e estratégia digital, e cheguei no ponto principal desse artigo: mergulhar no universo social como fonte de pesquisa comportamental para desenvolvimento de insights de produtos e marcas. E principalmente transformar esse processo em metodologia.

No Brasil somos mais de 100 milhões de pessoas conectadas e mais de 66% delas presente nas redes sociais. Passamos em média quatro horas por dia nas redes sociais, 2º lugar no ranking mundial (pesquisa de 2019, pré-pandemia). Com esses números dá pra ter uma ideia do volume de conteúdo gerado todos os dias, né?

E pra colocar mais lenha nessa fogueira, se antes “estar nas redes sociais” significava dar like em um post do Facebook, agora estamos em um outro nível de complexidade. São muitas redes — Instagram, Twitter, Youtube, WhatsApp, TikTok, Pinterest, Linkedin (e porque não, o Facebook) — com um grau de interatividade nunca antes vista. A Geração Creator, de celular na mão e criatividade a mil, faz questão de dividir não só os seus likes e deslikes como também filmar e fotografar sua casa, seus relacionamentos, suas opiniões, suas compras, a forma com que usa seus produtos e, claro, a si próprio. Um prato cheio para quem está interessado na leitura do comportamento social digital como eu.

Por exemplo, você sabia que as brasileiras adoram ter mais de uma marca de shampoo no box? E que elas estão mostrando no Youtube quais são as soluções caseiras adotadas para guardar tudo isso em banheiros minúsculos? Informação valiosa para a nova embalagem que você, marca, está desenvolvendo, não acha?

#durantemeutempoemcasa é uma hashtag do TikTok com mais de 53 milhões de vídeos postados. A brincadeira é muito simples: você responde sim ou não com a cabeça para as atividades que têm praticado durante a quarentena do Covid-19. “Você mudou os móveis de lugar? Você pintou a casa? Você descobriu um novo hobby?” Informação valiosa, com uma amostra riquíssima, para você, marca que atua no segmento, saber mais sobre o comportamento das pessoas em suas casas.

Estou falando de milhões e milhões de comentários, unboxings, tutoriais, reviews, fotos, status, emojis de todos os assuntos possíveis. E com a metodologia carinhosamente chamada de Social Dive — um profundo mergulho social, comportamental, de linguagem etc — estou usando de muita sensibilidade e curiosidade para analisar tudo isso e obter informações e insights poderosos em diferentes segmentos.

O detalhamento da metodologia, esses e outros exemplos estarão no curso online desenvolvido em parceria com a W3Haus e os musos @LarissaMagrisso, @ManuBarem, @AndreyDutra e grande elenco — que sai em breve.

E quem quiser trocar uma ideia ou tiver interesse em colocar em prática esse olhar digital em pesquisas e insights, é só me procurar.

Fernanda Prestefelippe.

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Fernanda Prestefelippe

Actually, the best gift you could have given her was a lifetime of adventures. Instagram @feprestefelippe